
"A Mariana tem vida própria e às vezes troca-me as voltas"!
A jovem actriz e nossa idolo, Joana Solnado deu uma entrevista à Revista "Correio Tv" que pertecente ao Jornal "Correio da Manhã", vamos deixar-te aqui a entrevista.
Esperamos que gostem.
Foi difícil gravar o parto de Mariana?
Foram cenas complicadas, porque tinham uma carga emocional muito grande, uma vez que Mariana teve a filha sozinha. Inspirámo-nos nos partos das índias que dão à luz agarradas a um pau e na vertical para contar com a ajuda da lei da gravidade. Pensámos que seria a melhor opção, porque a Mariana é muito instintiva.
A bebé portou-se bem nas gravações?
Coitadinha, ela só tinha três semanas de vida... era muito pequenina... E teve um bocadinho de frio! Mas portou-se lindamente.
O espírito da mãe de Mariana aparece no momento do parto. Que acha da introdução da espiritualidade no enredo da novela?
Desde o primeiro episódio, quando morre a mãe, que a Mariana fala com ela. Fala em pensamentos. É a mãe que a ajuda no parto e é por isso que ela dá o nome de Beatriz à recém-nascida. Nos momentos muito importantes da vida da Mariana ela contou sempre com a ajuda da mãe.
É verdade que a Joana sai dos estúdios, vai para casa estudar os textos e, no dia seguinte, regressa com propostas de trabalho?
Qualquer actor que é apaixonado pelo que faz chega aos estúdios com ideias novas e entusiasmado. Isso faz parte da profissão. Trabalho em casa, sim, bastante. Mas isto é um trabalho de equipa e todos discutimos o que cada um pensou em casa quando leu os textos para o dia seguinte.
Onde se inspirou para fazer esta Mariana?
Andei muito tempo à procura da Mariana e, um dia, ela chegou e eu senti que a sua presença era tão forte que eu não estava preparada para ela, porque a Mariana tem vida própria. Às vezes planeio fazer uma cena de uma determinada maneira, chego ao plateau e ela troca-me as voltas todas! Ela reage como Mariana, instintivamente, antes mesmo de eu, Joana, ter tempo de me preparar para isso.
Considera-se uma actriz muito intuitiva?
Sou. Tento respeitar esta minha faceta. Mas a técnica também é muito importante.
Ouvi dizer que quando sai com as suas amigas, às vezes elas não sabem se saíram com a Joana ou com a Mariana. Explique-nos o que se passa.
(Risos)... Não é bem assim! (Risos). Uma vez ou outra elas brincaram comigo dizendo que eu estava a reagir mais como a Mariana do que a Joana. Nós nunca descolamos completamente da personagem. E eu tenho uma ligação muito forte às minhas personagens. E quando não estou a gravar elas estão muito presentes na minhas rotinas. Às vezes dou por mim a colocar as pernas em cima das cadeiras como faz a Mariana!
E como convive com o isolamento que a interpretação da personagem exige?
No começo, tive alguma dificuldade, porque estava sempre a gravar sozinha... Sinto a falta de um rosto, de um olhar, uma voz para a contracena... A Mariana simboliza os Açores, a natureza ainda selvagem e imponente. Ela é um pouco as rochas, os vulcões, o mar e o verde dos Açores!
Os açorianos como a tratam?
Por Mariana! Em Lisboa já sou a Joana.
É a primeira vez que se cruza numa ficção com o seu avô Raul Solnado?
É a primeira vez, sim. Cruzámo-nos apenas umas duas vezes na novela e nem falámos um com o outro. Talvez lá mais para a frente tenhamos possibilidade de contracenar mais.
A Mariana anda descalça. E corre assim pelos campos. Nunca se magoou?
Inicialmente piquei-me algumas vezes. Agora já tenho os pés mais calejados! Hoje, até paro os ensaios para me descalçar. Preciso de sentir a energia da terra que faz vibrar a Mariana. Na rua, as crianças quando me vêem estranham ver-me calçada.
Dá muito trabalho ter essa cabeleira longa, ondulada e aparentemente desalinhada?
Dá imenso trabalho, tenho de me pentear o dobro das vezes e tratá-la muito bem para se poder fazer dela o que se precisa.
Como correram os testes de imagem da sua personagem?
Pela primeira vez numa novela não fiz testes de imagem, porque acabei o ‘Tempo de Viver’, tive uns dias de férias, pus as extensões e comecei logo a gravar. A personagem já estava muito delineada na cabeça dos produtores.
E como resistiu ao Inverno envergando vestidinhos tão leves?
Tinha de tomar um antipirético antes de começar a gravar, outro durante as gravações e ainda outro no final. Nunca apanhei uma gripe, mas estive sempre na eminência... E tomei imensa vitamina C e muito sumo de laranja.
Qual foi o contributo maior que deu à Mariana?
Ela é a personagem de televisão que mais me obriga a ir à Joana buscar emoções para emprestar à Mariana.
Que vai fazer a seguir à novela?
Vou tirar umas férias que bem preciso. Tenho muitos projectos, mas nada de concreto. Porém, deverei fazer uma pausa em TV. Está na altura de fazer uma reciclagem.
Como estão a correr as contracenas com Eunice Muñoz?
No primeiro dia de gravações estava nervosíssima. Senti uma grande responsabilidade. E tem sido muito especial gravar com ela. Foi um grande presente que me deram.
Que aprendeu com ela?
Muita coisa.... mas, como ainda só gravei duas vezes com a Eunice Muñoz, não sei dizer o que foi que me fez crescer mais. Mas há detalhes, coisas aparentemente sem importância, mas que são fundamentais. Às vezes só um olhar ou a respiração da Eunice são uma grande riqueza na contracena.
FASCÍNIO PELA LIBERDADE
“EU MESMA ADORAVA SER A MARIANA”
Joana Solnado não tem dúvidas. É a liberdade da sua personagem, que desconhece a rigidez das normas e horários, e que vive em comunhão com a Natureza, que tanto cativa os telespectadores de ‘Ilha dos Amores’, na TVI. “A nossa vida em sociedade é tão regrada, tão cheia de imposições e limitações que qualquer fresta de liberdade encanta o público. Eu mesma adorava ser a Mariana”, diz Joana Solnado explicando a empatia que a personagem cria não só com o público adulto mas também com o mais jovem.
Fonte: "Revista TV" - "Correio da Manhã",
Jornalista: Eugénia Ribeiro